De acordo com Paulo Twiaschor, o BIM (Building Information Modeling) é uma metodologia que permite a criação e o gerenciamento de representações digitais inteligentes de obras. Diferente do simples desenho em CAD, o BIM integra informações sobre geometria, materiais, cronograma, custos e ciclo de vida dos projetos. Por muitos anos, essa tecnologia foi vista como um diferencial competitivo, algo adotado por empresas inovadoras para se destacar no mercado.
Sua capacidade de reduzir erros, prever interferências e melhorar o planejamento torna-a uma ferramenta de alto valor agregado. Saiba mais, a seguir!
O que mudou para que o BIM se tornasse obrigatório?
Nos últimos anos, a construção civil passou por uma transformação digital acelerada. Governos, investidores e contratantes passaram a exigir mais eficiência, transparência e controle nos projetos. Essa pressão por produtividade, aliada à necessidade de reduzir desperdícios e custos, fez com que o BIM deixasse de ser apenas uma “boa prática” e se tornasse uma imposição.
Conforme evidencia Paulo Twiaschor, o marco mais visível dessa transformação é a adoção obrigatória do BIM em licitações públicas, especialmente a partir da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, também conhecida como BIM-BR. O Decreto n.º 10.306/2020 estabeleceu diretrizes para a adoção gradual do BIM em obras públicas federais, com metas em fases que começaram a ser implementadas a partir de 2021. Isso significa que órgãos públicos passaram a exigir modelos BIM em projetos e obras contratadas.
As normativas e políticas públicas brasileiras impulsionaram essa mudança?
Sem dúvida. A Estratégia BIM-BR e outras normativas federais têm papel central nesse processo. Além do Decreto n.º 10.306, outras iniciativas como o Plano BIM BR visam fomentar o uso da tecnologia em todas as etapas do ciclo de vida da construção — do projeto à manutenção. Essas políticas sinalizam um compromisso claro do governo com a modernização do setor, e influenciam não apenas órgãos públicos, mas também instituições de ensino, associações profissionais e o mercado.

Portanto, a exigência do BIM está mudando radicalmente a forma como os escritórios trabalham, pontua Paulo Twiaschor. A adoção do BIM exige requalificação profissional, aquisição de novos softwares e mudanças nos fluxos de trabalho. Empresas que antes operavam com processos analógicos ou isolados agora precisam adotar uma mentalidade colaborativa e digitalizada.
Quais as consequências para quem não adotar o BIM?
Empresas que resistem à adoção do BIM estão ficando para trás. Segundo Paulo Twiaschor, elas enfrentam dificuldades para atender a editais públicos, perdem competitividade em concorrências privadas e, muitas vezes, são vistas como desatualizadas.
Além disso, operam com maior risco de erros de projeto, aumento de custos imprevistos e conflitos entre disciplinas — problemas que o BIM ajuda a evitar. Para Paulo Twiaschor, a não adoção da metodologia deixou de ser apenas uma limitação técnica e passou a representar um obstáculo estratégico à sobrevivência no setor.
Por fim, com o BIM consolidado como exigência, o próximo passo é sua integração com outras tecnologias emergentes, como inteligência artificial. O futuro do setor aponta para um ambiente cada vez mais conectado e colaborativo, no qual o BIM não será mais um diferencial, mas sim a linguagem comum necessária para operar. Quem investir agora em capacitação e transformação digital estará pronto para liderar esse novo ciclo da construção civil.
Autor: Rodion Zaitsev