Segundo o entendedor Fernando Trabach Filho, a crescente presença da IA e direitos autorais no cenário digital tem despertado debates intensos sobre os limites da criação automatizada e a proteção das obras intelectuais. Com algoritmos cada vez mais capazes de produzir textos, imagens, músicas e vídeos, surge a dúvida: quem é, de fato, o autor dessas criações? A questão da autoria, antes clara e atribuída a humanos, agora se complica diante de sistemas que operam com autonomia criativa. Essa nova realidade exige adaptações legais e uma reflexão profunda sobre o papel da inteligência artificial na produção de conteúdo original.
Entenda os dilemas legais que a inteligência artificial está trazendo para o mundo da criatividade. Siga na leitura e descubra como a discussão sobre IA e direitos autorais pode impactar o futuro da autoria e da propriedade intelectual!
Como a relação entre IA e direitos autorais desafia os conceitos tradicionais de autoria?
A relação entre IA e direitos autorais desafia diretamente a definição clássica de autoria, que pressupõe a existência de uma pessoa natural como criadora da obra. No entanto, quando uma obra é gerada por um sistema autônomo, sem intervenção humana direta e criativa, a legislação atual não oferece respostas claras sobre quem detém os direitos sobre esse material. Isso abre brechas legais e cria incertezas para empresas, desenvolvedores e artistas.
Além disso, as ferramentas de IA são treinadas com dados que, muitas vezes, incluem obras protegidas por direitos autorais. Isso gera outro impasse: até que ponto é legítimo utilizar essas criações como base para novos conteúdos? Como destaca Fernando Trabach Filho, o risco de plágio involuntário ou de apropriação indevida é alto, especialmente quando a IA gera resultados muito semelhantes aos originais. A fronteira entre inspiração e violação fica cada vez mais tênue.

Enquanto alguns países já discutem adaptações na legislação, muitos ainda estão atrasados em regulamentar o uso criativo da IA. A ausência de normas claras compromete a segurança jurídica e pode desestimular inovações responsáveis. Por isso, é essencial que juristas, legisladores e especialistas em tecnologia debatam abertamente o tema e proponham soluções que equilibrem inovação e proteção autoral.
Quem deve ser reconhecido como autor em criações feitas por inteligência artificial?
A definição de autoria em criações feitas por inteligência artificial é um dos maiores dilemas atuais no campo do direito autoral. Em geral, a legislação mundial reconhece como autor apenas pessoas físicas, o que exclui diretamente a IA de qualquer titularidade legal. No entanto, quando há envolvimento humano — por exemplo, na curadoria do conteúdo, na configuração do algoritmo ou no comando da ferramenta — o criador pode ser reconhecido como coautor ou autor indireto da obra.
Conforme pontua o entendedor Fernando Trabach Filho, essa lógica, no entanto, nem sempre é suficiente para abranger todas as situações. Em sistemas altamente autônomos, nos quais o humano não interfere diretamente no resultado final, atribuir autoria se torna mais complexo. É como se a criação surgisse de uma “zona cinzenta”, onde nenhum indivíduo pode reivindicar responsabilidade exclusiva pela produção. Isso levanta discussões sobre a possibilidade de criar uma nova categoria legal para obras geradas por IA.
Quais são os caminhos para regulamentar a autoria na era digital?
A regulamentação da autoria na era digital exige, antes de tudo, uma atualização dos marcos legais que regem os direitos autorais. O primeiro passo é reconhecer que as tecnologias baseadas em inteligência artificial já fazem parte da cadeia produtiva cultural e criativa. Isso implica rever conceitos tradicionais e propor novas categorias jurídicas que contemplem essas inovações, como obras geradas por sistemas automatizados com ou sem supervisão humana.
Outra frente importante está na transparência dos processos de criação com IA. As plataformas devem deixar claro quando um conteúdo foi produzido por um algoritmo, informando o nível de intervenção humana envolvido. De acordo com Fernando Trabach Filho, essa medida não apenas favorece a honestidade com o público consumidor, mas também ajuda a diferenciar produções autorais tradicionais de conteúdos gerados por inteligência artificial — o que pode ser decisivo em disputas legais.
Por fim, a criação de diretrizes internacionais pode ser um caminho eficiente para garantir segurança jurídica em escala global. A atuação conjunta de organismos como a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), legisladores nacionais e desenvolvedores de IA é fundamental para estabelecer normas claras, éticas e inclusivas. Assim, será possível proteger criadores humanos e, ao mesmo tempo, abrir espaço para o desenvolvimento responsável da inteligência artificial.
Autor: Rodion Zaitsev