Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP) revelou que 85% das indústrias brasileiras já adotam pelo menos uma prática de economia circular. Este modelo de produção visa criar um fluxo contínuo de recursos, minimizando resíduos e promovendo o desenvolvimento sustentável.
O levantamento, que entrevistou 253 indústrias entre maio e julho, destacou que 68% dos empresários que implementaram práticas de economia circular observaram uma redução nas emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para o combate às mudanças climáticas. Roberto Muniz, diretor de relações institucionais da CNI, enfatizou que essas práticas resultam em menor extração de recursos e melhor uso de energia, reduzindo a pegada de carbono das atividades industriais.
Em 2022, o setor de resíduos foi responsável por 4% das emissões de CO2 no Brasil, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). A pesquisa também revelou que metade das empresas entrevistadas possui programas de sustentabilidade, com práticas que melhoram a eficiência e trazem ganhos ambientais.
Entre as práticas adotadas, 42% das empresas criam produtos que podem ser recuperados, e a mesma porcentagem substitui materiais virgens por reciclados. Além disso, 41% desenvolvem produtos que minimizam o consumo e as perdas de materiais e energia ao longo de seu ciclo de vida, enquanto 40% produzem itens com maior durabilidade.
A pesquisa também apontou que 40% das indústrias utilizam efluentes tratados na produção, 31% realizam reciclagem e 26% praticam logística reversa. Davi Bomtempo, superintendente de meio ambiente e sustentabilidade da CNI, destacou a importância da indústria na transição para uma economia circular, promovendo uma gestão mais eficiente dos recursos.
Uma ferramenta desenvolvida pela CNI, chamada Rota de Maturidade, permite que as empresas façam uma autoavaliação e recebam um diagnóstico sobre o grau de adoção de práticas de economia circular. Nelson Pereira dos Reis, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que a economia circular definirá o futuro das práticas industriais.
O Fórum Econômico Mundial estima que a economia circular pode injetar até US$ 4,5 trilhões na economia global até 2030, destacando a relevância e o potencial econômico dessa abordagem sustentável.