A cidade de Taboão da Serra, em São Paulo, foi palco da primeira edição da Jornada de Territorialização 2024, promovida pela Fundação Perseu Abramo em parceria com outras entidades. O evento, realizado no dia 13 de abril, reuniu lideranças locais, jovens produtores culturais e representantes de movimentos sociais para discutir a interseção entre cultura, política e territórios periféricos.
A abertura contou com a presença de figuras importantes como Irineu Casemiro, do diretório estadual do PT-SP, e Maurício Lourenço, presidente do PT de Taboão da Serra. A mesa de debates foi composta por especialistas como Danilo Benedito, Dennis de Oliveira, Vivian Delfino e o rapper Gaspar Z’África, todos com raízes na região.
Um dos temas centrais foi a relação entre cultura e violência nas periferias. “Macarrão”, uma liderança local, destacou como a violência se tornou parte da cultura brasileira, enquanto o estudante Caio Vitor do Santos enfatizou a cultura como uma forma de resistência e representatividade das minorias.
Taboão da Serra, apesar de suas carências em saúde e educação, é um centro de criatividade, com expressões culturais como slam e rap. A pesquisadora Victoria Braga ressaltou a cultura como uma ferramenta política poderosa, capaz de unir diferentes grupos em busca de direitos sociais e representação política.
A discussão também abordou a apropriação cultural e a transformação de elementos culturais em produtos comerciais. Vivian Delfino criticou como o capital se apropria da cultura periférica, enquanto Gaspar Z’África destacou a importância de reconhecer a periferia como um espaço de transformação.
O evento foi uma oportunidade para refletir sobre a identidade cultural e os desafios enfrentados pelas periferias. Sofia Toledo, do projeto Reconexão Periferias, destacou a influência africana e indígena na cultura brasileira e a necessidade de enfrentar o racismo e o patriarcado.
Por fim, o evento reforçou a importância de valorizar a cultura local e promover um diálogo inclusivo que reconheça a diversidade e a riqueza das periferias. A Jornada de Territorialização se mostrou um espaço vital para a troca de ideias e a construção de um futuro mais justo e democrático.